Por que uma boa relação entre professor e aluno pode fazer a diferença na Educação?

Por 07/02/2017 Gerais, Notícias

O professor precisa de condições adequadas para exercer sua função. Além de uma infraestrutura básica, ele deve combinar sua metodologia ao perfil da turma e, consequentemente, dos alunos, atendendo às suas necessidades específicas. Entretanto, nem sempre o magnetismo do professor e o interesse de seus estudantes estão alinhados.

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Um grande exemplo dessa desarmonia é que o docente brasileiro é um dos que mais tempo de aula utiliza para sanar problemas relacionados à convivência em classe, amargando, assim, difíceis relações interpessoais com os estudantes. Tal diagnóstico aparece em estudos como a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS), da Organização par a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e da Conselho de Classe, da Fundação Lemann, datados de 2013 e 2015, respectivamente.

Segundo as pesquisas, os conflitos não apenas são um fator deteriorante para a saúde do docente, mas também impedem a escola de cumprir sua missão: que todos os alunos aprendam.

Situações desse tipo significam, para os professores experientes, repetir a frustração de ter de lidar com uma aparentemente insolúvel indisciplina. Já para os professores iniciantes, trazem o medo de não se fazer ouvir e a ansiedade de não ter sido preparado para a realidade da escola.

As duas pesquisas revelam, além da sobrecarga dos docentes, uma provável omissão das instituições na criação de um planejamento transversal que trabalhe as relações interpessoais – o que pode ocorrer, por exemplo, por meio de campanhas de boa convivência e valorização das diferenças no ambiente escolar.

Ainda que um trabalho institucional seja feito, os professores invariavelmente terão de lidar com alguns problemas de convivência em classe. Porém, tais circunstâncias não precisam tomar a dimensão de conflitos crônicos que impeçam ou impactem negativamente a aprendizagem da turma.

É preciso que os professores se apropriem de conhecimentos que muitas vezes lhe são negados na formação inicial. É por isso que um grupo de pesquisadoras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem trabalhado a temática da convivência na escola, investigando caminhos para solucionar questões que afligem docentes e alunos.

Segundo elas, é preciso entender que os termos “indisciplina” e “transgressão” têm assumido diversas interpretações ao longo do tempo. Isto é: nem sempre uma turma agitada, onde os alunos falam muito, por exemplo, será uma turma indisciplinada. Da mesma maneira, um aluno ordeiro e quieto não é garantia de bom desempenho. Portanto, é preciso derrubar os estereótipos que exaltam a ordem acrítica e o silêncio apático.

Para que o desrespeito saia da aula, o debate democrático e o diálogo têm de entrar. Ouvir os estudantes, seus sonhos e projetos de vida deve ser uma iniciativa constante, incorporada ao projeto político pedagógico da escola – ou seja, além das “dinâmicas quebra-gelo” do início de ano letivo.

Os especialistas apontam que estimular o comportamento autônomo e a reflexão ética é o caminho para solucionar os conflitos de maneira mais harmônica, pois em vez da punição, essas ações valorizam a internalização do respeito ao próximo. Conhecer os estudantes e suas realidades socioeconômicas também é fundamental. Atividades de escuta e conhecimento mútuo entre alunos e docentes contribuem para que haja menos conflitos e, consequentemente, mais tempo dedicado à aprendizagem.

Uma boa opção para se inteirar dessas ideias é o livro “100 perguntas que vão dar o que falar”, do movimento Todos Pela Educação, que traz a escuta no centro das atitudes em prol da melhoria da Educação. A publicação é direcionada a pais com filhos em idade escolar mas tem, desde 2014, encontrado uso também na sala de aula. Questões como “O que você mais gosta na escola?”, “Qual profissão você acha legal?” ou “O que te faz feliz?” servem como um disparadores de diálogos. O livro pede que as respostas sejam registradas e, por isso, o material pode ser arquivado e utilizado para traçar atividades pedagógicas.

Perguntar não faz mal e não tem contraindicação. Os professores precisam aproveitar o início do ano letivo para traçar situações de diálogo e criar uma base de confiança e autonomia com os alunos, especialmente os adolescentes e jovens. Dessa maneira, o desperdício de tempo com conflitos pode ser evitado, potencializando, assim, a aprendizagem. (RICARDO FALZETTA- O Globo)

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