Saber usar as plataformas digitais é o novo caminho para avançar na educação
O universo digital está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. Enquanto os mais velhos aprendem gradativamente como lidar com as novas tecnologias, as novas nascem navegando nas redes. Diante desse novo cenário, a educação também tem se adaptado para aliar as novidades ao aprendizado.
No dia a dia da sala de aula, professores têm que usar a criatividade e atualizar seus conhecimentos para conquistar a atenção dos nativos digitais, que encontram nas telas a principal fonte para suas curiosidades e entretenimento.
De olho nessa tendência, a empresária Danielle Brants, por exemplo, criou a Guten Educação e Tecnologia, que fornece a escolas uma plataforma digital de leitura e compreensão de textos jornalísticos. Graças ao negócio, ela concorre ao Prêmio CLAUDIA.
Conversamos com a mestre em linguística Leticia Reina, que é também gestora pedagógica da Guten sobre os desafios e evoluções da educação no mundo digital.
DESAFIO
Para os nativos digitais, navegar, buscar, prestar atenção no áudio, no texto escrito, nas imagens (tudo ao mesmo tempo) são movimentos muito naturais. O desafio está na interpretação dos textos, ou seja, em captar a mensagem real do conteúdo e ser capaz de estabelecer relações com outras fontes e com seu próprio conhecimento.
“Dessa forma, os recursos digitais devem ser instrumentos de mediação para se desenvolver as competências leitoras e a criticidade”, diz Leticia Reina.
TECNOLOGIA COMO CAMINHO
As ferramentas digitais não substituem o professor em sala de aula ou a troca de conhecimentos entre colegas. O papel delas na educação é o de instrumento de mediação entre professor e aluno, entre aluno e texto, entre alunos e colegas.
“Elas devem estar a serviço da construção e transformação do conhecimento”, afirma a pedagoga. Cada recurso deve ser escolhido com um objetivo em sala de aula e não pode ter um fim em si mesmo. Deve ser um caminho para ampliação de repertório, de acordo com os conteúdos previstos no planejamento.
Ela contribui com o professor e com o crescimento do aluno, desde que bem escolhida e bem trabalhada.
ENTENDER É SABER
O educador deve sempre deixar claro para o aluno quais os objetivos de cada leitura. Seja um texto impresso ou em meio digital, o professor deve incentivar a leitura de modo que o estudante compreenda os usos reais e sociais do que foi lido.
Para isso, é preciso promover uma discussão que envolva a razão da escolha do gênero lido, os autores, as esferas sociais de circulação. Sempre conduzindo a uma leitura crítica, estabelecendo relações entre os textos, e entre os conteúdos aprendidos.
LIMITES
Quanto mais se conversa em casa sobre as preferências da criança ou adolescente, mais se entende o mundo em que esse jovem está inserido, um mundo de múltiplos estímulos, visuais e auditivos, imagéticos e escritos. Tal conhecimento é essencial para saber impor limites.
O jovem pode ficar certo tempo conectado à internet, é claro. Mas isso deve ser limitado e monitorado pelos pais. É preciso ainda garantir momentos para a troca entre os familiares, para se estar ao ar livre, para conversar cara a cara. Afinal, a tecnologia é uma ferramenta e não pode ser a única fonte de informação e troca para as famílias.
DAR O EXEMPLO É ESSENCIAL
Um passeio à bibliotecas e livrarias, uma conversa sobre as histórias lidas, sobre a vida e a obra de autores preferidos podem ser boas opções para incentivar a leitura. O importante é a capacidade de interpretação. Os adultos também devem dar exemplos!
“Não adianta falar que ler um livro é importante ou que ficar o dia inteiro na internet não é legal se os próprios pais passam o dia conectados e não pegam em um livro nem na hora de dormir”, conclui Leticia. (Revista Claudia)