Sem número suficiente de professores formados adequadamente, profissionais sem diploma de ensino superior estão dando aulas em escolas de ensino fundamental do país. Para especialistas, valorizar a profissão e melhorar a formação dos professores é o primeiro passo para alcançar resultados educacionais efetivos.
“Os dados referentes ao desempenho de nossos estudantes em todas as etapas de ensino são decepcionantes. Esse é o reflexo da qualidade da educação que lhes é oferecida”, avalia a pesquisadora Bertha do Valle, da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Em 2013, 21,5% dos professores brasileiros que davam aulas nos anos finais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) não fizeram ensino superior. Dos profissionais em sala de aula nessa fase de ensino, 35,4% não são habilitados para dar aula –ou seja, não fizeram licenciatura. Os dados são do Censo Escolar. اميركان اكسبريس
A dificuldade em encontrar professores com formação adequada é um misto entre falta de profissionais nos lugares em que são necessários, baixa atratividade da profissão e dificuldades dos professores
nas salas de aulas se especializarem.
Desvalorização
Para Helena Freitas, diretora da Anfope (Associação Nacional pela Formação de Profissionais da Educação), a questão crucial é a desvalorização do magistério. O valor do salário do docente sempre volta à baila quando se discute a qualidade dos professores. O piso nacional foi fixado em R$ 1.697 em 2014, mas não é adotado por todas as redes municipais e estaduais.
No entanto, valorização não se resume ao salário. As condições de trabalho que impõem aos professores uma jornada dupla ou em várias escolas, a ausência de planos de carreira que valorizem o trabalho do professor e não apenas sua titulação e a dificuldade de lidar com questões do entorno da escola dentro da sala de aula são alguns dos problemas que “acabam impactando na motivação dos professores para o trabalho”, considera Helena.
Falta de licenciatura
Sem formação adequada, os professores têm dificuldades em ensinar seus alunos apropriadamente. “Todas as profissões têm seus métodos de trabalho: o engenheiro aprende a fazer os cálculos, o professor deveria aprender a dar aula bem”, explica Bernadette Gatti, pesquisadora do tema na Fundação Carlos Chagas.
Seria em um curso adequado de licenciatura o lugar em que os docentes deveriam aprender as técnicas para melhorarem suas aulas. Mas os cursos universitários também precisam ser repensados. “As licenciaturas não estão formando professores profissionais, essa é a questão”, aponta Gatti. (Uol Educação)