Com a volta às aulas, professores e gestores devem se atentar sobre possíveis casos na escola e orientar as famílias
Desde o início de 2018, o Brasil tem enfrentado um surto de sarampo, uma doença que provoca febre, tosse, coriza, conjuntivite e manchas vermelhas por todo o corpo. Os casos se concentram na Região Norte do país e afetam principalmente crianças entre 6 meses e 5 anos de idade. Por se tratar de uma doença altamente contagiosa e com sérias consequências, a escola deve estar atenta a possíveis casos e orientar as famílias.
O sarampo foi considerado erradicado nas Américas em 2016, mas, agora, o controle da doença pode estar em risco. De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 17 de julho foram confirmados 444 casos no Amazonas e 216 em Roraima – outros 2689 continuam em investigação nestes estados. Casos isolados também foram identificados em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rondônia.
O surto recente foi causado, principalmente, pela volta da circulação do vírus em diversos países da Europa e das Américas. Segundo Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, a chegada de estrangeiros ao país, vindos principalmente da Venezuela, contribuiu para a disseminação da doença. “Em função da crise econômica, a Venezuela deixou de vacinar a população e várias doenças que antes estavam controladas acabaram voltando. Com a entrada dessas pessoas ao Brasil, começamos a identificar casos também entre os brasileiros”, aponta.
Segundo ele, a explosão no número de casos escancarou um problema grave: a falta de cobertura vacinal no Brasil. Para que esteja protegida contra o sarampo, ao menos 95% da população precisa estar imunizada. Mas não é o que acontece no país – dados preliminares do Ministério da Saúde apontam que a cobertura está em torno de 85% na primeira dose e 70% na segunda. “Há uma parcela importante da população que acreditávamos estar vacinada e que não está. Isso faz com que haja uma multiplicação dos casos, já que a contagiosidade é muito alta”, explica Sáfadi.
Uma das explicações para isso estaria no fato de que, como muitos países do mundo já haviam erradicado a doença, houve um relaxamento na vacinação. “No Brasil, o último surto importante ocorreu em 1997. Então as pessoas deixaram de dar tanta atenção para a vacinação, não apenas do sarampo, mas de outras doenças, como a caxumba”, destaca Celso Granato, professor e infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A escola
Com o início do segundo semestre e a volta às aulas, pais e professores precisarão ficar atentos aos sinais e tomar medidas para que os alunos estejam protegidos. Neste momento de risco iminente de reintrodução do sarampo no país, é importante que as escolas participem e orientem as famílias, com reuniões e palestras informativas. بلوت
“Também é recomendável verificar a carteira de vacinação dos alunos e garantir que todas as crianças sejam imunizadas, já que a única estratégia segura de prevenção é por meio da vacina”, acrescenta Sáfadi, professor da Santa Casa.
Caso a criança manifeste algum dos sintomas, como febre e secreção no nariz e nos olhos, o ideal é que ela seja afastada da escola e que os pais procurem a orientação de um médico. “Nessa fase inicial, o sarampo pode ser confundido com uma série de outras doenças, como gripe, rubéola e dengue. Se os pais estiverem em dúvida, devem levar ao pediatra para que ele possa fazer o diagnóstico”, aponta Granato.
Campanha de vacinação
Entre os dias 6 e 31 de agosto, será realizada uma campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o sarampo, que terá como público-alvo crianças de 1 a 5 anos de idade. “É importante ressaltar que não há necessidade de corrida aos postos de saúde, já que as ações para controle do surto da doença nas localidades acometidas por casos de sarampo estão sendo realizadas com rigor”, diz nota do Ministério da Saúde.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo também divulgou, na semana passada, uma nota informativa sobre o surto. العاب كوتشينة O documento pode ser acessado neste link. Confira, abaixo, algumas das principais dúvidas sobre o sarampo:
Quais são os sintomas da doença?
O sarampo é uma doença infectocontagiosa causada por um vírus, com alta contagiosidade. Os sintomas incluem febre, tosse, coriza e conjuntivite, seguidos por um exantema (erupções vermelhas na pele) que se inicia na cabeça e se espalha por todo o corpo.
O sarampo pode ter consequências graves?
Sim. O sarampo pode trazer complicações e exigir a hospitalização do paciente, especialmente em crianças pequenas e indivíduos com baixa imunidade. كيفية لعب البلاك جاك Entre as complicações estão a otite, pneumonia, laringotraqueobronquite, encefalite aguda e diarreia. Além disso, estima-se que pode haver de 1 a 3 mortes para cada mil casos.
Como ocorre a transmissão?
O vírus do sarampo é transmitido por via aérea ou por meio de gotículas infecciosas que se espalham quando a pessoa respira, tosse ou espirra. O contágio pode ocorrer desde cinco dias antes até cinco dias depois do aparecimento das erupções na pele. Estima-se que, após o contato com um paciente infectado, 9 entre 10 pessoas irão contrair a doença.
Existe tratamento?
Não existe nenhum remédio específico ou tratamento para o sarampo. Os médicos recomendam que as pessoas infectadas se mantenham bem hidratadas e nutridas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também indica o uso de vitamina A para as crianças, o que pode reduzir as taxas de morbidade e mortalidade.
Como prevenir?
A única forma segura de prevenção contra o sarampo é por meio da vacina, que deve ser administrada em duas doses, ambas após 1 ano de idade. A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde de todo o país.
Quem pode tomar a vacina?
Neste momento, as recomendações são para que todos os indivíduos de 1 a 49 anos estejam imunizados. Para as pessoas que perderam a carteira de vacinação ou não se lembram se tomaram a vacina, é indicado que elas repitam a dose.
E quem não deve tomar a vacina?
Pessoas com suspeita de sarampo, gestantes, lactentes com menos de 6 meses de idade, pacientes com baixa imunidade, pessoas com HIV/Aids e pessoas que tiveram efeitos adversos em dose anterior da vacina. (Nova Escola)