Em uma casa onde convivem pessoas de gerações diferentes, é normal que haja divergências de opiniões, mas, será que existe uma maneira de evitar os conflitos? Para o psicoterapeuta Amauri Solon Ribeiro, eles sempre ocorreram e devem se acentuar, em virtude de uma série de mudanças.
“Os avanços na tecnologia, além dos novos hábitos e valores criam um verdadeiro abismo entre as gerações. Tenho uma neta de três anos que mexe no iPad e no iPhone com desenvoltura. Também tenho filhos de casamentos diferentes, e percebo a diferença de opiniões que eles têm. A cada dez anos, já existe uma nova geração”, explica o especialista.
Para tentar minimizar os efeitos das discussões em casa, Ribeiro sugere que haja um esforço de ambas as partes, jovens e adultos.
“As gerações mais velhas devem tentar se atualizar e entender os valores flexíveis dos jovens. Estes, por outro lado, precisam de uma dose de tolerância e paciência com o tempo mais lento dos pais e avós. As questões ligadas a gênero e sexo provocam muita divergência entre gerações. Já atendi no consultório adolescentes que são filhos de duas mães ou dois pais e aprendem desde cedo a lidar com isso”, conta o psicoterapeuta.
A psicanalista Elza Marques Lisboa de Freitas lembra que é normal e saudável que o jovem queira se diferenciar dos pais. “No início da vida da criança, o pai ou a mãe são os modelos, mas chega um momento em que a diferenciação é necessária, até para que o filho se estruture como indivíduo”, explica.
A especialista diz que não existe fórmula para lidar com os conflitos. “Os pais precisam ser fortes para suportar o momento em que deixarão de ser um modelo para os filhos. A diferenciação é normal, quando ela não ocorre, aí sim, teremos problemas”, alerta Elza.
Para quem reclama das divergências, a psicóloga Christina Montenegro aponta o lado positivo das ‘briguinhas’ familiares.
“Quando existe discussão, existe vínculo. Não é o conflito que faz mal, e sim os problemas que
são jogados para debaixo do tapete. Eu fico mais assustada com aquelas pessoas que estão sempre com um sorriso elegante em qualquer situação. Geralmente é o jovem que reforça os vínculos, porque ele não tem ‘papas’ na língua. A discussão não é o que destrói o amor, pelo contrário, ela pode fortalecer o sentimento”, completa. (Globo Educação)