“A escola deve dar voz aos alunos”

Por 11/12/2015 Gerais, Notícias

A indiana Kiran Bir Sethi espalhou pelo planeta (inclusive pelo Brasil) uma iniciativa inovadora: ensinar às crianças que elas são capazes de mudar o mundo

Apesar de ter fundado uma escola, na qual também leciona, a designer Kiran Bir Sethi, 48 anos, afirma que sua história não é a de uma educadora, mas de uma mãe: quando seu primeiro filho, hoje com 24 anos, entrou para o jardim de infância, a indiana passou a questionar o ensino tradicional de seu país. “Lá, ele era apenas um número”, conta. Em 2001, nascia em Ahmedabad, a quinta maior cidade da Índia, a escola Riverside, criada por Kiran. Sua proposta: estimular as crianças a pensar e a ouvir os colegas. “Até os 12, 13 anos, elas falam o que pensam. E têm ideias incríveis. Queria aproveitar isso”, disse ela a CLAUDIA em recente passagem por São Paulo.

Se os adultos muitas vezes já se conformaram até com as injustiças do mundo, os pequenos são movidos a esperança e entusiasmo. “Eles não só se preocupam com questões como o meio ambiente e trabalho infantil como querem botar a mão na massa”, afirma. Essa é outra característica da instituição: os professores se organizam para tirar as ideias dos alunos do papel. Nessa linha, um projeto que tocou Kiran foi o de um colégio na Amazônia: incomodados com o número de cães e gatos abandonados na região, os estudantes se mobilizaram para que mais de 30 bichos fossem adotados. Mas como a filosofia de uma pequena escola indiana veio parar aqui?

kiranbirsethiEm 2009, depois de proferir uma palestra que já conta com mais de 1 milhão de visualizações na internet, Kiran ampliou o alcance de Riverside. “Passamos a ser procurados por tantos países que resolvi responder a essa procura de forma mais eficiente.” No ano seguinte, ela inaugurou o movimento Design for Change (DFC). Pelo site, recebeu e-mails de interessados em adotar suas ideias. Hoje, 34 países têm escolas que aderiram ao programa, incluindo o Brasil. Uma parceria com o Instituto Alana somou, até meados de outubro, 50 escolas inscritas – as cinco iniciativas mais impactantes serão premiadas em dezembro. “Não digo aos professores o que fazer. São os problemas que incomodam as crianças que viram projetos”, ela explica. Seu empenho por fazer a diferença já rendeu prêmios como o Rockfeller Innovation. Kiran afirma que os pequenos precisam ser encorajados, ouvindo, em vez de pedidos para ficarem quietos, um sonoro: “Sim, você pode!” Ela mesma já deixou claro que pode e muito. (Revista Cláudia)

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