Quantos livros você lê por ano? Um, dois, nenhum? Se você respondeu dois livros por ano, está na média da maioria dos brasileiros, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2012. O estudo, realizado pelo Instituto Pró-Livro, associação sem fins lucrativos de fomento à leitura, traça um panorama do leitor brasileiro. Mas, apesar de ainda lermos pouco, Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), acredita que temos potencial para mudar esta história.
“Temos 50% da população com acesso aos livros, então, possuímos 98 milhões de habitantes que ainda podem se tornar leitores. Com a 5ª maior população do planeta, ocupamos o 9º lugar no ranking do consumo de livros em números absolutos. Tal descompasso revela existir um imenso potencial de crescimento. Por isso, precisamos trabalhar muito para avançar. Sou otimista quanto à nossa capacidade de multiplicar o acesso ao livro e disseminar o hábito de leitura”, ressalta.
De acordo com Karine, as editoras brasileiras comercializaram aproximadamente 469,5 milhões de livros em 2011, um crescimento de 7,2% em relação a 2010, quando cerca de 438 milhões de exemplares foram vendidos. Outra boa notícia é que o livro está mais barato: o preço médio recuou 6,11% nas vendas das editoras ao mercado, se descontada a inflação, isso significa decréscimo real no preço médio do livro de 44,9% no período 2004-2011.
“O barateamento é, antes de tudo, uma decisão política do mercado, voltada a democratizar o acesso ao livro. Com o preço médio mais baixo, as pessoas compram mais. مواقع رياضية Existe atualmente uma preocupação maior em colocar as crianças em contato desde cedo com a literatura, porque os pais sabem que isso é importante para o desenvolvimento. Já os adultos têm mais consciência que a leitura amplia horizontes, prova disso é a classe C comprando mais livros”, explica.
Mas, em um mundo cheio de aparelhos eletrônicos, como atrair a atenção dos jovens para a leitura? Para Karine, a dica é trazer o livro para a realidade da criança. “Cabe aos pais e professores incentivarem a leitura. Se a criança lê e não entende, não vai gostar, por isso, a linguagem precisa ser acessível, para que ela tenha artifícios que estimulem a imaginação. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), por meio do qual o Governo compra livros didáticos para as escolas, é importante, porque permite que estudantes de famílias de baixa renda tenham acesso aos conteúdos didáticos essenciais a sua formação escolar”, ressalta.
Regina Zilberman, professora do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que o mercado é dominado pelos chamados best sellers e ressalta a necessidade de mais produtos nacionais nas prateleiras.
“Não temos autores brasileiros com o mesmo porte de venda dos estrangeiros. Precisamos de políticas que valorizem o autor nacional; que abram espaço para os autores novos; e que possibilitem a chegada dos livros nos rincões do Brasil. Temos uma renovação lenta da literatura no momento, diferente do que aconteceu nas décadas de 70 e 90, quando surgiram novos autores brasileiros. No que diz respeito à escola, o Ensino Fundamental é bem servido de livros, mas, quando chegamos ao Ensino Médio, fica mais complicado. سباق دراجات نارية Esse ano tivemos 7 milhões de alunos inscritos no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), é muita gente, isso é quase um país. Esses jovens estão lendo muito pouco e não estão sendo bem servidos na mesma proporção dos múltiplos interesses que eles têm. Acho que a literatura não pode faltar na vida da pessoas, pois elas devem se preparar para enfrentar o mundo, e para isso vão precisar de imaginação. Não existe inovação sem imaginação”, ressalta.
No futuro, Karine acredita na coexistência entre o velho e bom livro de papel e os novíssimos e-books, ou seja, a discussão sobre o fim do livro já está ultrapassada. “A tecnologia do e-book leva a leitura a uma nova dimensão. A meu ver, a interatividade e a possibilidade de acesso imediato com links de temas correlatos ao conteúdo de cada livro são um imenso avanço, em especial nos segmentos de livros infantis, didáticos, científicos e profissionais. O futuro já chegou. E nele, como temos visto, há espaço para o livro digital e todas as incríveis possibilidades abertas pela tecnologia, mas também para o livro impresso, que está cada vez mais bonito, lúdico e bem feito”, completa. بوكر كونكر موبايل (Globo Educação)